Nos últimos tempos eu não andava me sentindo nada bem. Comecei a ter um cansaço muito forte, desânimo, dores nas articulações, dores de cabeça, fadiga constante. Tinha muito sono, mas acordava muito mal, sentindo-me péssima, nem consigo explicar como. Não tinha vontade de trabalhar, nem vontade de sair, nem de viver. Irritação, mau humor, tristeza – cheguei a pensar que estava com depressão. Mas ia levando. Nunca deixei de trabalhar ou de fazer as minhas tarefas caseiras – lavar roupa, louça, limpar casa, fazer compras. Eu sentia que ia piorando, e cheguei a pensar: deixa um dia eu não consigo mais me levantar, aí dou um jeito... Minha auto-estima estava péssima, eu odiava me sentir tão mal. Pensava: por que eu tenho que estar assim? Será que eu vou morrer? O que eu tenho? Ninguém que eu conheço tem tantos problemas como eu! Mas ainda era forte, resistia, não queria me entregar. Sabia que tinha que ir ao médico. Mas só de pensar em levantar de madrugada e ir para o Posto de Saúde marcar consulta dava mais desânimo ainda. E depois, pensava, se eu falar todos os meus sintomas ao médico ele vi achar que sou maluca. Porque eu tinha tudo o que se podia imaginar.
Já acordava pela manhã com dor de cabeça. Meus braços doíam tanto que eu não podia erguê-los acima da cabeça. Tomava analgésicos todos os dias. Nada de melhorar. À noite, tinha tanta falta de ar que tinha que encostar uma pilha de almofadas para dormir, aquele sono esquisito que não trazia descanso. Nem conseguia falar de tão cansada, tinha a sensação de uma mão me apertando a garganta, dor no pescoço, dificuldade para me pronunciar. Até que numa manhã eu quase não consegui sair da cama. Eu tinha roupa para lavar, almoço para fazer e trabalho pela frente. Mas eu não consegui me levantar! Com muito custo acabei fazendo-o, e realizei todas as tarefas com o maior esforço. Fui trabalhar. Era uma sexta-feira. Sentia-me péssima, mas ainda assim pedi para a Bruna me levar de moto e não faltei. Até que à tarde comecei a passar muito mal, calor no rosto – que pensei ser início de menopausa – um mal estar geral. Pensei que fosse da vesícula – tenho uma pedra de dois centímetros que me acompanha há anos. Nesse dia fiz algo inédito: fui embora do trabalho mais cedo, e fiquei de cama por algumas horas.
Então na próxima semana decidi procurar um médico. Quando a água bate na bunda, a gente aprende a nadar! E no meu caso a água já chegava ao pescoço.
Bem, por acaso no Posto do Ipê havia uma médica maravilhosa chamada Dra. Rosa Maria. Muito jovem, simpática, muito querida. Ao contrário da maioria das consultas que eu havia feito até então com médicos dos postos, ela foi muito atenciosa, e fez um questionário imenso sobre meus sintomas, meu modo de vida, até mesmo do meu trabalho. Fui respondendo, envergonhada de tantas queixas. Ele me pediu vários tipos de exame de sangue e um exame de urina, e me disse que iria espera o resultado para me receitar algum remédio; deu-me somente uma receita de Paracetamol, e disse que meu quadro era bem típico de depressão.
Lá fui eu carimbar a receita. Havia um exame que não tinha cota no SUS: eu teria que esperar até 01 de junho. E era dia 16 de maio. Fui tirar sangue no laboratório da Unipar, e resolvi emprestar dinheiro para pagar o exame. Bem, sangue tirado e entregue ao laboratório, fiquei aguardando os resultados, sempre passando mal, e já crente de que tais resultados não apresentariam nada e eu estaria mesmo depressiva, tanta era a tristeza, desânimo e cansaço que eu sentia.
Vieram os exames. E levei para a minha médica-anjo.
_ O colesterol está ligeiramente alto, ela explicou. – e o HDL, que é o bom colesterol, muito baixo. Glicemia normal. – virou a página do exame – Ah, mas aqui está! Você tem hipotireoidismo! Por isso os seus sintomas, todos eles são típicos desse problema. – E me explicou, com muita paciência:
- O resultado dos exames mostra que a sua tireóide não está produzindo os hormônios tireoidianos. A tireóide é uma glândula em forma de borboleta que fica no pescoço, sobre a traquéia. Como ela não está trabalhando como devia, a hipófise – que é uma glândula localizada no cérebro – produz hormônios de maneira exagerada para tentar forçar a tireóide a trabalhar. O nível desse hormônio – hormônio TSH - no seu corpo está quase três vezes a mais do que o normal. E o hormônio T4 está baixíssimo.
Ela me receitou uma reposição ora desse hormônio, que devo tomar todos os dias, uma hora antes de tomar café. Daqui a um mês devo dobrar a dose, e dentro de quatro meses devo fazer novo exame para ver quantas andam meus níveis de hormônio.
Na primeira semana não percebi muita melhora, só que minha dor de cabeça sumiu. Aos poucos minhas dores nas articulações foram diminuindo. Aquele sono estranho às vezes ainda me persegue; mas já não estou mais tão deprimida e nem irritada.
Incrível como uma coisinha dessas deixa a gente tão mal. Hoje já pesquisei bastante sobre a tireóide na Internet – o site
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4032&ReturnCatID=667, por exemplo, traz boas informações, bem como outros - e descobri que tudo o que eu sentia era culpa dessa glândula preguiçosa! Inclusive minha dificuldade em perder peso. Pois é, e tive muita sorte em encontrar uma médica tão maravilhosa. Espero que ela continue nos socorrendo por muito tempo, no Posto do Ipê! Obrigada, doutora! Que Deus abençoe muito, muito, muito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário